No episódio recente que marcou o pedido de desfiliação do Dr. Almir Gabriel do PSDB, uma frase chamou a atenção e despertou imensamente a minha curiosidade: as insinuações feitas em suas declarações sobre a intervenção do"executivo da Vale" no debate sobre a candidatura do PSDB ao Governo do Estado.
Para quem passou batido, vai a repetição Ipsis literis do Diário, receptor da mensagem. Diz o Dr. Almir, que o desfecho de definição da candidatura de Simão Jatene ao Governo é uma "rendição ao atual representante exibicionista do Bradesco na Companhia do Rio Amargo, somada ao governo egocêntrico de São Paulo, territorializando a recolonização da gestão pública do Pará, dividido e agachado frente ao petismo obeso e obtuso".
Vamos à tradução:
Primeiro: se existiu rendição, de fato houve uma disputa ferrenha, de grande importância, definidora de rumos importantes para o PSDB, do contrário não levaria à resultado tão drástico de saída daquele que foi o maior quadro político do PSDB no seu período neoliberal.
Segundo: a rendição, dita por Almir, foi ao atual presidente da Vale, Roger Agnelli, este o executivo do Bradesco que atualmente gerencia a CVRD.De fato um exibicionista.
O que está por trás das frases é o que nos pode trazer outros elementos.É sabido por todos que Almir foi um dos principais agentes da famigerada privatização da Vale.Foi sob o seu governo que FHC acelerou as negociações suspeitas que levaram à entrega de patrimônio de grande valor para as mãos de grandes conglomerados nacionais e estrangeiros.Nem toda a campanha de massas e a pressão da sociedade organizada foi suficiente para impedir a entrega da Vale para a iniciativa privada.
É possível que há época Almir considerasse que os fins justificassem os meios.Talvez até os compradores da CVRD acenassem com as ditas compensações.Vamos admitir, com alguma boa vontade, de que tratou-se de certa inocência.Teria Almir caído no canto da Vale?Isso repetiu-se no governo de Jatene, uma nova tentativa de pactuação com aquela estória de construção(pela Vale)de 30.000 casas?
Se Agnelli teve alguma responsabilidade pela indicação de Jatene para o Governo, porque os interesses de Serra(o egocêntrico representante do Governo de São Paulo)se somariam aos deste na relação com os interesses do Pará.E o principal, o que Ana Júlia está fazendo para incomodar a Vale, a tal ponto de despertar o interesse da toda-poderosa mineradora em sua não-reeleição?
A pergunta que não quer calar?O que quis dizer afinal, Dr.Almir?Seria necessário que toda a história da relação promíscua do Estado com a cúpula da Vale viesse à tona para que pudessemos confirmar o que já se desconfia há muito tempo.Houve um complô político, entre o tucanato e os compradores para viabilizar a entrega da Vale.
É possível que agora esteja em curso uma nova negociação, convincente o suficiente para unificar os tucanos?
Quem votar verá?
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